4 de setembro de 2009
MARKETING POLÍTICO
Tempos de Turbulência
Em época de eleições cabe sempre uma reflexão sobre o momento e daqui a pouco estaremos vivendo isso. Nunca em eleições anteriores, esteve tão elevada a discussão sobre o papel do Marketing e - conseqëntemente - do Profissional de Marketing nesse contexto.
Será mesmo o marketeiro o demônio que estão pintando?
Algumas Definições Importantes
O Marketing é composto de um conjunto de ferramentas, a maioria da quais pode ser aplicada a uma variada gama de atividades, como uma caixa de ferramentas.
Essencialmente, o Marketing tem como finalidade a construção de valor: uma imagem idealizada do Produto, de modo a que seu potencial consumidor possa pagar mais pelo mesmo, entendendo ser essa transação vantajosa.
Deve-se entender como produto não apenas bens, mas também serviços, pessoas, localidades, idéias etc.
O Marketing para se tornar concreto, se apóia em duas outras atividades: a comunicação e a venda. Quanto mais bem desenvolvidas e articuladas essas atividades, mais probabilidade tem a organização de ser bem sucedida.
O Marketing de Bens
O composto mercadológico tradicional trata implicitamente do Marketing de bens. No marketing de bens, trabalha-se com objetos tangíveis, que podem interagir com os consumidores através dos sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição). Aos bens podem ser agregados serviços e outros fatores intangíveis, tais como imagem da marca e recomendação de consumidores.
O Marketing de Serviços
No marketing de serviços, existem quatro diferenças fundamentais com relação ao marketing de bens: a primeira, trata-se da característica da intangibilidade (não se pode ver ou tocar um serviço); a segunda, da perecibilidade: não se pode produzir um serviço e estocar em uma prateleira; a terceira, da inseparabilidade, ou seja: na prestação de serviços, o momento da produção e do consumo são os mesmos; a quarta, da variabilidade: o mesmo serviço pode ser prestado de maneira diferente por dois profissionais diferentes e ainda pode ser prestado de maneira diferente pelo mesmo profissional em dois momentos diferentes.
Assim, serviços, que têm a característica da intangibilidade, constroem sua imagem de concretitude principalmente através das instalações, equipamentos, pessoas e tecnologia.
O Marketing Político
O Marketing Político é uma espécie de Marketing de Pessoas, que tem como objetivo promover um indivíduo (objeto tangível), como um produto. Agregada a esse indivíduo, existe algo intangível, que são suas promessas de campanha. O "preço" que o consumidor (eleitor) paga é não apenas o seu voto - como se costuma dizer - mas PRINCIPALMENTE, sua esperança no candidato.
Um grande complicador nesse processo é que no Brasil, os legisladores entenderam que o voto é obrigatório e contraditoriamente é "vendido" como um direito. Como se trata de uma obrigação, com todas as decorrências do poder coercitivo do estado, não pode ser encarado pelo cidadão como um direito, mas como um dever.
O eleitor pode até não exercer o tal "direito" ao voto, mas não poderá tirar um passaporte, além de uma série de outras penalidades (veja lista completa no final deste artigo).
Na prática os legisladores criaram um grande mercado cativo onde o consumidor é obrigado a adquirir aquele produto. Essa lógica pode ter tido sentido em algum lugar do passado, mas dentro do processo de amadurecimento político da sociedade, parece cada vez mais com um anacronismo.
Quando o consumidor compra voluntariamente um produto, que DENTRO DA LEI ele pode devolver, caso o produto não satisfaça suas expectativas, são amplas as probabilidades de se estabelecer uma relação positiva entre o consumidor, o produto e quem o vendeu.
Quando esse mesmo consumidor é obrigado a adquirir um produto e - adicionalmente - não tem o direito de devolvê-lo, caso não funcione a contento, a situação é outra. Basta ver o estado de ânimo das pessoas em uma sala (sempre) lotada de um cartório.
O pior é que, em tempos de corrupção elevada, grande parte dos problemas está sendo colocada nas mãos dos profissionais de Marketing (alguns aceitando alegremente o papel de bodes expiatórios), pejorativamente denominados de marketeiros, maculando toda uma categoria de profissionais que trabalham duro para seu sustento. Os verdadeiros culpados são os políticos, corruptores ou corrompidos.
Nas ruas enlameadas da Roma antiga, os candidatos (em latim: candidum = cor branca) andavam com togas brancas, para mostrar ao povo que seriam capazes de permanecerem puros quando do exercício de seus mandatos. Hoje, boa parte dos políticos não tem qualquer escrúpulo em se misturar com a lama, ou de atirá-la em profissionais decentes.
ADENDO: PENALIDADES PARA QUEM NÃO EXERCE O "DIREITO" DO VOTO
•não poderá se inscrever em concurso ou prova para cargo ou função pública, nem assumir tal cargo ou função;
•não poderá receber vencimentos ou salário de função ou emprego público, autárquico ou de alguma forma ligado ao governo, correspondentes ao segundo mês subseqüente ao da eleição;
•não poderá participar de concorrências públicas ou administrativas do governo;
•não poderá obter passaporte ou carteira de identidade ou renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;
•não conseguirá empréstimo nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas federais ou estaduais, institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabelecimento de crédito mantido pelo governo ou de cuja administração esse participe e com essas entidades celebre contratos.
•ficará impedido de praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.
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