26 de junho de 2010

MARCAS


Nascida de uma briga de irmãos, a PUMA brotou da costela da Adidas. As duas sedes ficam na mesma cidade, na mesma rua, uma quase em frente à outra. Porém as semelhanças param por aí. A marca une elegantemente moda, tecnologia e influências do esporte como poucos. Essa evolução pode ser notada nos sapatos, bolsas e roupas dos modernos que passaram a usar mais os produtos da marca esportiva tornando-se um ícone e objeto de desejo no mundo fashion. Suas “coleções” são atreladas a movimentos culturais, à voz das ruas, a ondas como o hip-hop e o funk. Atualmente a marca do felino é admirada por crianças, adolescentes e adultos. Atores de Hollywood admitem ser fãs da PUMA. Madonna já apareceu usando Puma, sem receber por isso.

A história

A empresa foi fundada em 1948 na cidade alemã de Herzogenaurach, encravada no coração da Francônia, depois que Rudolf Dassler, brigou com seu irmão, que pouco depois fundaria a Adidas, e resolveu fundar a PUMA Schuhfabrik Rudolf Dassler com apenas 30 funcionários. Dois anos depois já exportava seus produtos para os Estados Unidos. Na década de 50 a marca conseguiu enormes feitos como em 1952, quando o atleta Joseph Barthel de Luxemburgo ganhou a primeira medalha olímpica em Helsinki vestindo equipamento PUMA; e dois anos depois, em Yokahama no Japão, Heinz Fütterer estabeleceu novo recorde mundial para o 100m utilizando tênis PUMA. No ano de 1958, as seleções de Brasil e Suécia vestiam a marca na disputa da Copa do Mundo. No ano seguinte a empresa passa a se chamar PUMA-Sportschuhfabriken Rudolf Dassler KG. Na década de 60 tornou-se a primeira marca esportiva a utilizar a técnica de produção de vulcanização. Em 1962 a fábrica já exportava seus produtos para cerca de 100 países em todos os continentes. As chuteiras Puma conseguiram grande reconhecimento durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile, e 1970, no México, quando o Brasil foi campeão. Pelé foi eleito melhor jogador da competição e usava chuteiras da marca alemã. Outro feito de grande reconhecimento para a marca aconteceu em 1976 quando o tenista argentino Guillermo Villas conquistou os torneios US Open e Rolland Garros vestindo tênis PUMA.-




Em 1982, Diego Maradona, disputou sua primeira Copa do Mundo utilizando chuteiras PUMA. Três anos depois, o tenista alemão Boris Becker venceu o torneio de Wimbledon usando uma raquete da marca PUMA. Ainda neste ano ingressou na NBA tendo nomes como Isiah Thomas e Buck Williams como atletas patrocinados. Apesar de tudo isso, no início dos anos 90, a marca Puma não possuía mais nenhuma relevância dentro ou fora da Alemanha. Encontrava-se à beira da falência e seus produtos eram vendidos em grandes liquidações. Até que em 1993 Jochen Zeitz, um jovem de 30 anos egresso da área de marketing, assumiu o comando da empresa. A Puma estava no vermelho havia sete anos. Naquele momento, as dívidas já somavam mais de US$ 100 milhões de dólares. O jovem executivo cortou despesas e pessoal, fechou fábricas na Alemanha, terceirizou a produção para empresas na Ásia, negociou com os credores e, já no ano seguinte, conseguiu trazer a empresa de volta ao lucro. Após arrumar as finanças, deu início, em 1997, a uma nova e decisiva etapa: reposicionamento aa marca. Direcionou quase 70% dos lucros para as áreas de marketing, pesquisa e desenvolvimento. Com produtos de design mais arrojado em mãos, publicou anúncios em revistas de moda como a Vogue e firmou parceria com a estilista alemã Jil Sander e a supermodelo americana Christy Turlington, que lançou uma coleção de roupas para a prática de ioga com o seu nome. --Em 1996, a Monarchy Regency, uma das maiores distribuidoras e produtoras de filmes de Hollywood, já havia comprado 12% da empresa. A associação foi fundamental. Permitiu que a PUMA conseguisse inserções de seus produtos em roteiros de filmes como Uma Linda Mulher e JFK, além de seriados americanos de sucesso como Friends e Will and Grace. A resposta foi imediata. As vendas globais passaram a crescer a um ritmo de 30% ao ano. Em 1999 a empresa inaugurou sua primeira loja específica para venda de seus produtos na cidade de Santa Monica, estado da Califórnia. A Puma continuou crescendo, ampliando seu mercado, as áreas de atuação e inaugurando novas lojas próprias nas cidades de Londres, Roma, Tóquio, Milão, Boston, Frankfurt, Seattle e Melbourne. Novos contratos foram firmados com atletas, equipes de diversos esportes e escuderias para o fornecimento de trajes e equipamentos. Neste momento a PUMA já se transformara em um ícone fashion, não só elevando seu faturamento, mas também fazendo do nome uma marca mundialmente conhecida.-
A linha do tempo1948


Puma ATOM, primeiro calçado (chuteira) especializado para a prática do futebol que fez sucesso desde o início. A chuteira foi utilizada pela seleção alemã de futebol em seu primeiro jogo pós-guerra no dia 22 de novembro de 1950 contra a Suíça.
1968 Tornou-se a primeira empresa do segmento a produzir tênis com vélcro.
1970 Lançamento do PUMA Roma, um tênis para corrida e treinamento que virou um enorme sucesso.
1971 Lançamento do tênis PUMA Pelé com assinatura do maior jogador de futebol de todos os tempos.
1976 Introduziu a revolucionária tecnologia S.P.A.
1982 Inventou um sistema de solado chamado Duoflex.
1989 Introduzido pela empresa o sistema de tecnologia Trinomic.
1990 Lançou a tecnologia para tênis infantil Inspector, apostando muito neste tipo de público.
1991 Lançada a alta tecnologia do sistema PUMA Disc System que proporcionava um ajuste uniforme do tênis aos pés.
1996 Lançamento da nova geração de chuteiras chamada Pittards Soccer 2000, utilizada pela primeira vez por jogadores na Eurocopa disputada na Inglaterra. Neste mesmo ano apresentou a tecnologia PUMA CELL, primeira a não utilizar espuma na meia-sola do calçado.
1998 Em parceria com o estilista Jil Sander a marca lança no mercado uma linha de calçado que misturava o estilo esportivo com o fashion.
2000 Introdução de calçados á prova de fogo para pilotos profissionais desenvolvido em parceria com a Porsche e a Sparco.
2007. Neste ano o Grêmio foi a primeira equipe de futebol a utilizar a nova tecnologia empregada nas roupas esportivas.-




















O logotipo

Dificilmente o felino saltador, logotipo tradicional da empresa, não seja reconhecido em alguma parte do mundo. Mas nem sempre foi assim. Primeiro surgiu, em 1958, as tradicionais listras em forma de onda. E somente em 1968 surgiria o símbolo do felino, chamado “Leaping Cat”.----O marketingUm fato marcou para sempre a história da PUMA, apresentando de vez a marca do felino para o mundo. Pelé havia sido campeão mundial em 1958 e 1962 utilizando chuteiras PUMA. Porém, um episódio marcaria para sempre a história da PUMA. O juiz belga Vital Loraux já levava o apito à boca. Preparava-se para autorizar o pontapé inicial de Brasil e Peru, no Estádio de Jalisco, em Guadalaraja, no México. Era um 14 de junho de 1970. Pelé, com a autoridade de quem já era o rei do futebol, pediu um minuto. Abaixou-se, afrouxou os cadarços das chuteiras Puma, número 39, e voltou a atá-los. As câmeras de televisão, por 30 infindáveis segundos, fecharam suas lentes nos pés do camisa 10. E por 30 infindáveis segundos a marca alemã foi vista por pelo menos 200 milhões de pessoas, ao vivo. Pelé assinara com a PUMA um contrato de US$ 100 mil por quatro anos, além de US$ 25 mil exclusivos pelo Mundial do México e direito a 5% de royalties nas vendas dos tênis. Depois de Pelé, viria Maradona principal atleta da marca. Porém, nem de futebol vive a PUMA. Desde 1998 patrocina equipes de F1. A sapatilha Future Cat, com os logotipos da Ferrari e da marca alemã, confeccionada em vermelho e branco, nos modelos cano alto e baixo são a promessa da marca. As sapatilhas PUMA já são tradicionais nas equipes de F1. A primeira foi usada por pilotos e equipes nos anos 70 e início dos anos 80. A parceria entre Ferrari e PUMA aumentou em 2005, quando foi assinado um contrato de licenciamento para venda de material com a marca da tradicional escuderia italiana. Atualmente a marca alemã patrocina as seleções da Itália, Gana, Uruguai, Suíça, Camarões, Áustria, Bulgária, República Checa, Polônia, Marrocos, Arábia Saudita, Senegal, Costa do Marfim, Angola, Egito, Bielorússia, Israel, Irã, Tunísia e Togo; além de clubes tradicionais como Cruzeiro, Grêmio, Tottenham Hotspur, Monaco, Stuttgart, Lazio e Villarreal; e jogadores renomados como Gabriel Heinze (Argentina), Pelé e Rivaldo (Brasil), Samuel Eto’o (Camarões), Peter Crouch (Inglaterra), Gianluigi Buffon (Itália), John Carew (Noruega), Guti (Espanha) e Álvaro Recoba (Uruguai).--A guerraA Segunda Guerra Mundial deixou cicatrizes profundas na Alemanha. Na pequena cidade de Herzongenaurach, ao norte de Nuremberg, o legado foi uma disputa em família. Terminado o conflito a família Dassler começou a presenciar uma outra guerra. Os irmãos, Adi e Rudolf, romperam a sociedade que possuíam em uma pequena fábrica de calçados e foram tocar a vida. Adi criou a Adidas. Rudi inventou a Puma. Um pôs seu negócio na margem esquerda do rio Aurach. O outro, na margem direita. A rivalidade cresceu chegando a ponto dos habitantes da cidade olharem para o chão, de modo a identificar a marca dos calçados que cada um vestia. A cidade dividiu-se em dois grupos, uns não podiam casar com outros, chegando até freqüentarem restaurantes diferentes. Nem com a morte de ambos os irmãos a rivalidade e ódio diminui. No cemitério local, os túmulos também estão afastados. Até hoje, os mais velhos lembram do que ocorreu. Adi recusou-se a acatar as orientações do nazismo de Hitler nos anos 30. Rudi colaborou, fez campanha política, foi a guerra e até chegou a ser julgado depois dos combates. A guerra de uma família passou para as esferas comerciais e esportivas.--A marca no mundoA marca está presente em mais de 80 países produzindo acessórios esportivos, relógios, roupas e perfumes, com vendas anuais em torno dos US$ 3.0 bilhões. A marca possui ainda cerca de 90 lojas próprias.--A marca em imagensClique nas imagens abaixo para ampliar e conhecer um pouco mais sobre a marca PUMA.-
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Você sabia? Na Copa do Mundo de 2006, em 36 dos 64 jogos realizados pelo menos uma seleção em campo vestia uniforme PUMA.
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Visite: http://www.puma.com/

6 de junho de 2010

Marketing esportivo é um mercado de ouro




Um patrocínio para uma corrida de rua pode chegar a R$ 1 milhão









Triatleta premiado, Carlos Galvão, 40 anos, fez carreira no mercado financeiro. Mas sempre quis transformar sua atração pelos esportes em negócio. Há dez anos, abriu a Latin Sports, uma agência especializada em marketing esportivo. Hoje fatura R$ 6 milhões ao ano, principalmente com a promoção de corridas de rua. Formado em marketing e também apaixonado por competições, Renato Chvindelman, 35 anos, inaugurou, em 2001, em São Paulo, a Arena Sports Marketing Esportivo.

Viajou à Europa e aos Estados Unidos para conhecer a atividade e, na volta, fez da sua agência uma referência no desenvolvimento de eventos empresariais com estrelas como o técnico de vôlei Bernadinho e o velejador Amyr Klink. Realiza uma média de 60 palestras por ano para clientes do porte da Bayer, Coca-Cola e Philips, que desembolsam entre R$ 15 mil e R$ 70 mil por apresentação.

Galvão e Chvindelman são dois bem-sucedidos empresários de um mercado bilionário — e cada vez mais profissionalizado. Para associar suas marcas ao esporte, grandes empresas contratam agências especializadas em desenvolver esse tipo de estratégia de marketing. Com a perspectiva da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, as oportunidades nesse ramo tendem a crescer. Um sinal é a chegada ao país do Havas Sports & Entertainment, sétimo maior grupo de publicidade do mundo, presente em 20 países e especializado no desenvolvimento de estratégias de comunicação de marcas em eventos esportivos.

ESPAÇO PARA AS PEQUENAS
Mesmo com a presença de multinacionais como o grupo Havas, quem domina esse ramo são as pequenas e médias agências. “Esse não é um negócio só de gente grande, mas sim de gente competente”, afirma Claudinei Santos, coordenador do Núcleo de Estudos de Negócios de Esporte da ESPM. Segundo ele, trata-se de um mercado jovem, com grandes possibilidades de expansão, mas que exige um bom conhecimento (não apenas de futebol). Uma rede de contatos no meio esportivo ajuda muito.

Para Galvão, da Latin Sports, os negócios começaram quando a empresa ganhou a concorrência para realizar a etapa nacional do mais importante evento de triatlo do mundo, o Ironman. Ainda hoje, a disputa, que envolve corrida, natação e ciclismo, é o principal cartão de visitas da Latin Sports para a produção de uma média de 29 eventos de corrida por ano, de provas de rua a maratonas de revezamento. Na carteira de clientes figuram, entre outros, Instituto Ayrton Senna, Avon, Gatorade, Caixa Econômica Federal, TAM e HSBC, que pagam entre R$ 15 mil e R$ 1 milhão pelo apoio ou patrocínio de cada etapa dos circuitos de corrida, que podem somar até 20 provas. Em contrapartida, ganham um importante canal de comunicação e valorização da marca — ao associá-la a valores do esporte, como superação, trabalho em equipe e liderança. “Nosso maior desafio ainda é fazer com que as empresas enxerguem essa ferramenta de marketing como um poderoso canal de divulgação e comunicação institucional da marca e não apenas como mais uma via de propaganda”, diz Galvão. “O marketing esportivo permite que se crie uma simpatia e uma identidade com o consumidor que não é alcançada com o investimento em publicidade.”

Formado em administração com especialização em esportes, entretenimento e marketing de eventos pela americana New York University, Galvão apostou nas corridas de rua para se destacar em um mercado concentrado no futebol. E não é difícil entender o porquê. Com cerca de 38 milhões de praticantes, o esporte responde por 63% dos investimentos em patrocínio no país e sua indústria movimenta mais de R$ 250 bilhões por ano, segundo estimativas do Fórum Internacional do Futebol. “Quem consegue planejar bem as ações ligadas a esse esporte ganha grande visibilidade a um custo menor do que uma inserção publicitária convencional”, diz Santos, da ESPM. Como exemplo, ele lembra que, em 2009, a LG investiu R$ 18 milhões para patrocinar o time do São Paulo. Pagou três vezes menos que a exibição de um comercial de 30 segundos no horário nobre da Globo.

Por: Kátia Simões